Um extenso e diverso programa para o público escolar, com dez sessões, divididas entre os auditórios da Casa das Artes, dos Agrupamentos de Escolas, do ACE – Escola de Artes de Famalicão (para alunos de Teatro), da OFICINA - Escola Profissional do Instituto Nun'Alvares (para alunos de Audiovisuais e Multimédia) e da Universidade do Minho, direccionadas para todos os escalões etários, incluindo propostas de animação e de documentário, sessões comentadas e oficinas e uma masterclasse de Pedro Serrazina. Sessões que ambicionam estender-se para lá da sala de projecção e enriquecer os currículos da escola, em diálogo com a restante programação do Close-up, sob o tema do Tempo, com destaque, também, para as histórias do cinema francês, com filmes de Agnès Varda e Jean-Luc Godard. (VR)
Depois das perseguições injustas que Guitry sofreu no fim da Segunda Guerra (foi preso por algum tempo, sem nunca ter culpa formada), uma certa amargura e um certo cinismo vieram colorir quase todos os seus filmes, tomando o lugar dos jogos com a representação e da elegância que caracterizam grande parte da sua obra. E La Poison é certamente um dos filmes mais negros e cáusticos do seu período final, realçado pela interpretação de um dos seus actores predilectos, Michel Simon. Trata-se da história de um homem que consegue ludibriar um advogado de modo a assassinar a mulher e ser absolvido. Diante deste filme, é difícil não pensar na famosa frase de Guitry à sua mulher, na festa do seu último casamento: "Ah, estas mãos, que hão de fechar os meus olhos e abrir as minhas gavetas!".
"Cléo de 5 à 7" é um dos melhores filmes de Agnès Varda, e certamente um dos que melhor exprime um "espírito Nouvelle Vague"; de resto as deambulações parisienses da sua personagem principal não deixam de evocar "À Bout de Souffle", como se Cléo fosse um contraponto feminino ao filme de Godard (que, por sua vez, aparece num curioso "filme no filme").
Mur Murs é um documentário sobre os murais em Los Angeles. Quem os pinta…? Quem olha para eles…? Quem os paga…? Como é que a capital do cinema se revela sem ilusões através dos seus muros murmurantes. Quem fala? As pessoas de Los Angeles. A quem? A uma curiosa realizadora francesa.
Ao lado de "Les 400 Coups", o outro grande "filme-símbolo'' da Nouvelle Vague, e também o primeiro sinal de que, como escreveu Serge Daney, este novo cinema não só não se contentava em sacudir o "antigo" como ameaçava, literalmente, destrui-lo. "À Bout de Souffle" é um dos filmes que melhor ilustra as consequências práticas e teóricas dos postulados da Nouvelle Vague, fazendo "explodir" o cinema para depois o reinventar. A primeira longa-metragem de Godard resultava, por si mesma, num nos momentos mais decisivos de toda a história do cinema.
Um documento com imagens de arquivo e testemunhos de alguns dos milhares de refugiados que, na década de 40, durante a fuga da Europa nazi, usaram Portugal como ponto de passagem. João Canijo faz uma análise sociológica de um país que se recusou a admitir o que se passava no resto do continente, vivendo numa espécie de fantasia e isolamento moral, como se nada lhe dissesse respeito. Este é um documentário sobre, segundo as próprias palavras do realizador, "os dois níveis de realidade em Portugal, o mundo em guerra e a fantasia do país neutral, o mito criado por Salazar". Esta sessão será exibida no âmbito do Plano Nacional de Cinema.
Era uma vez uma quinta onde reinava o sossego e o contentamento. Mas, como nada é perfeito, neste lugar os animais eram um pouco dados a desvarios. Ali, entre tantas coisas incomuns, havia uma raposa pouco astuta que se esforçava – sem sucesso – por assaltar o galinheiro, um lagarto fluente em mandarim, uma galinha hiperactiva, um coelho crente que era uma cegonha e um pato que se queria fazer passar por Pai Natal...Realizado por Benjamin Renner ("Ernest e Célestine") e pelo estreante Patrick Imbert, uma comédia de animação para os mais pequenos, repartida em três pequenas histórias que adaptam "Le Grand Méchant Renard” e "Un Bébé à Livrer”, banda desenhada da autoria do próprio Renner.
A oficina de cinema pretende explorar a os conceitos do tempo cronológico, o da ação, versus o tempo da narrativa, partindo de cenas da curta-metragem documental A Ver o Mar. Nesta oficina, os participantes vão ter noções sobre a importância da duração do plano, da sequência de imagens, e da “manipulação do tempo” através da montagem, que permite avanços e recuos temporais. O objetivo é que os jovens consigam desenvolver as suas capacidades criativas e técnicas através de um exercício prático no qual vão experimentar a noção de passagem do tempo.
A oficina pretende explorar a pré-história do cinema e a importância dos brinquedos óticos na perceção da imagem em movimento. A partir da construção de um destes mecanismos - zootrópio, taumatrópio, flipbook ou folioscópio - , pretende-se dar a conhecer a história do pré-cinema, ao mesmo tempo que se revela o mecanismo que permite ‘animar’ imagens. O objetivo é que as crianças e jovens consigam desenvolver as suas capacidades criativas e técnicas, assim como ampliar a perceção do principal elemento caraterizador do cinema: o movimento. Sem a utilização de câmaras, cada grupo irá criar pequenos filmes utilizando somente materiais recicláveis e muita imaginação!
Sessão no âmbito da celebração dos 20 anos da Agência da Curta Metragem, com uma masterclasse de Pedro Serrazina e uma carta branca, com a selecção de curtas de outros realizadores.
Pedro Serrazina estudou arquitetura, que nunca exerceu, para se dedicar ao cinema de animação. A sua última curta Os Olhos do Farol combina personagens desenhadas com mar real e cenários pintados em tela, e foi premiada internacionalmente em mais de uma dezena de festivais. Estória do Gato e da Lua, o seu primeiro filme, estreou no festival de Cannes em 1996 e ganhou 15 prémios internacionais. Em 1996 mudou-se para a Inglaterra para tirar um curso de mestrado no Royal College of Arts. Desde então tem combinado uma carreira académica com trabalho criativo em várias áreas: Pequenas Estórias Sem Importância, livro de ilustrações e contos, complementou performance para crianças no Teatro do Campo Alegre, Porto (2006), e uma instalação na galeria a9))) em Leiria (2011) são alguns exemplos. Foi diretor do curso de licenciatura em Animation Arts na University for the Criative Arts, Maidstone, e é professor convidado da Universidade Católica do Porto e da Universidade Lusófona de Lisboa.
Apresentamos o Mr. Link: dois metros e quarenta, 290 quilos e coberto de pelo. Mas não se deixem enganar pelas aparências. Ele é divertido, simpático e adoravelmente literal, o que faz dele a lenda mais cativante do mundo. Farto de levar uma vida solitária, no Noroeste do Pacífico, Mr. Link recruta o audaz explorador Sir Lionel Frost para o guiar numa viagem em busca dos seus primos, há muito perdidos, no mítico vale de Shangri-La. Juntamente com a aventureira Adelina Fortnight, o destemido trio de exploradores enfrenta perigos incontáveis, enquanto viaja até aos confins do mundo para ajudar o seu novo amigo. Mr. Link é a mais recente produção de um dos inovadores estúdios de animação em stop motion, a Laika.
No início, Eusébio da Silva Ferreira foi do Sporting, o de Lourenço Marques, filial moçambicana do Sporting Clube de Portugal. E os "leões" de Lisboa quiseram-no, mas Eusébio seguiu o seu coração e foi para o Benfica, onde se tornaria um dos maiores futebolistas de sempre. Mas, antes de ser o "King" ou o "Pantera Negra", Eusébio foi "Ruth", o nome com que aterrou incógnito em Lisboa, aos 17 anos – uma estratégia que o Benfica utilizou para fintar a concorrência à contratação do jovem craque moçambicano. É esse episódio do início da carreira de Eusébio que conta o filme realizado por António Pinhão Botelho, a partir de um argumento escrito pela sua mãe, Leonor Pinhão. A história, que acontece entre Lourenço Marques e Lisboa, é sobre o futebol e sobre um homem, mas também procura ser um fresco do Portugal colonial do início dos anos 1960.
A expedição de Magalhães e Elcano foi a primeira viagem de circum-navegação da Terra, e aconteceu entre 20 de Setembro de 1519 e 6 de Setembro de 1522. Financiada pela coroa espanhola e comandada pelo português Fernão de Magalhães, o trajecto acabou por ser terminado pelo comandante espanhol Juan Sebastián Elcano. Esta épica aventura mudou o rumo da História e provou algo absolutamente extraordinário: tal como se especulava desde o tempo de Pitágoras (século VI a.C.), o planeta era esférico. Escrita por Garbiñe Losana e José Antonio Vitória e realizada por Ángel Alonso ("El Ladrón de Sueños"), uma aventura animada sobre um dos momentos mais importantes da História da Humanidade.
Oliver Hardy e Laurel (aqui interpretados pelos actores John C. Reilly e Steve Coogan), em Portugal mais conhecidos como Bucha e Estica, formaram uma das mais carismáticas duplas de comédia de todos os tempos. Em 1953, numa tentativa de reavivar a popularidade de outrora, resolvem fazer uma digressão de "music hall" pelas várias salas de espectáculos da Grã-Bretanha, ainda a recuperar dos efeitos da Segunda Grande Guerra. Se, a princípio, o público se revela um pouco relutante em assistir aos seus espectáculos, depressa se rende aos seus irresistíveis "gags". Mas essa longa jornada terá um propósito ainda mais importante: sarar feridas antigas e ressentimentos acumulados durante várias décadas de amizade. Uma comédia biográfica com argumento de Jeff Pope e realização de Jon S. Baird (“Lixo”) que se baseia nos últimos anos da dupla composta pelo norte-americano Oliver Hardy (1892-1957) e pelo inglês Stan Laurel (1890-1965), famosa no mundo inteiro desde os tempos do cinema mudo até à época de Ouro de Hollywood.
Mary, de 11 anos, é uma menina inteligente e cheia de vida que está a passar as férias de Verão em casa da sua tia-avó. Aborrecida e sem nada para fazer, espera ansiosamente pelo início das aulas. Um dia, ao seguir o percurso de dois gatinhos, é guiada até um bosque onde encontra uma velha vassoura e uma flor que tem a particularidade de só desabrochar a cada sete anos. Ao tocar-lhes, um estranho feitiço é activado e a menina é levada numa maravilhosa aventura. Durante essa noite mágica, adquire poderes extraordinários que lhe vão permitir conhecer um mundo nunca visto. Produzido pelo estúdio de animação Studio Ponoc, um filme de animação com assinatura do japonês Hiromasa Yonebayashi (nomeado para o Óscar com "Memórias de Marnie") que se inspira na obra "The Little Broomstick", da escritora britânica Mary Stewart.