Isto Não É Um Filme?

Uma nova secção em forma de interrogação não tanto para apresentar respostas definitivas, quanto para abrir espaço à contemplação de objectos disruptivos que cruzam as margens do grande território cinema, despedaçam valores e categorias que historicamente informam as suas práticas. Um programa que situa a sala de cinema como arquitectura de exibição, uma forma de insistir na sua especificidade e diferença, e a partir da sua projecção em grande escala, provocar a reflexão sobre a nossa relação enquanto espectadores com a própria natureza das imagens.

“Se pudéssemos contar um filme, então por que fazer um filme?” pergunta Jafar Panahi enquanto demarca no chão, com fita adesiva, os limites de um quarto de dormir antes de encenar os diálogos de uma criança que o habita no filme que está proibido de filmar e que por isso nos está a contar em “Isto não é um filme”, o filme que nos partiu o coração e que convocamos como inspiração. As imagens que carregamos dentro de nós, são cinema? A única proposta de resposta, uma afirmação que encerra esta apresentação: para haver filme é importante que as câmaras estejam ligadas. [Hugo Romão Pacheco]

The Challenge - O Voo do Falcão

de Yuri Ancarani

14-10-2023 17h00 (PA)
The Challenge (França/Itália, documentário, 2016, 65 min) M/12

The Challenge redefine o que entendemos por luxo das arábias, ao retratar a falcoaria nos dias de hoje. O desporto aristocrático vira obsessão, tomando proporções inacreditáveis: os falcões fazem manicura e são transportados em aviões fretados. O filme resulta de três anos de observação e faz colidir as origens ancestrais da prática com o novo-riquismo aborrecido dos xeiques do petróleo. A primeira longa metragem de Yuri Ancarani preserva o seu olhar meticuloso e a sua visão orquestral do mundo.

Ursos Não Há

de Jafar Panahi

15-10-2023 18h00 (PA)
No Bears (Irão, ficção, 2022, 105 min) M/12

Numa aldeia junto à fronteira do Irão com a Turquia, decorrem duas histórias paralelas. Pessoas que se amam enfrentam sérias dificuldades na concretização do seu amor, quer pelos preconceitos da sociedade, quer por temor às autoridades que, mesmo ao longe, as vão vigiando. Em competição no Festival de Cinema de Veneza – onde recebeu o Prémio Especial do Júri –, um filme sobre o valor da liberdade, escrito, produzido, realizado e protagonizado em segredo pelo iraniano Jafar Panahi, há anos perseguido pelo governo iraniano.