Fantasia Lusitana

O Lugar de Os Verdes Anos, com João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

Um programa desenhado a partir do filme Onde Fica Esta Rua? assinado pela dupla João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata e a sua relação com Os Verdes Anos (1963) de Paulo Rocha e outras heranças, expressas na carta branca conferida aos cineastas: Dina e Django (1981) de Solveig Nordlund, um país que se libertava da ditadura e uma relação amorosa que se agitava como uma rima com o verso de Sérgio Godinho: a sede de uma espera só se estanca na torrente; As Ruínas no Interior (1976) de José Sá Caetano, o Verão de uma família burguesa nas vizinhanças de uma comunidade piscatória, um país ambientado na paz podre de uma ditadura sobressaltado por sintomas da guerra. Uma programação em parceria com a Cinemateca Portuguesa e o programa Imagens em Movimento.

Masterclasse

por João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

Sessão para escolas (alunos de audiovisuais e multimédia)
Dia 17-10 10h00 (ESAP)
Presença de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

A partir da estreia do seu mais recente filme, Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois, a dupla de cineastas desenhará um mapa de relações entre o seu trabalho e o movimento do cinema novo do cinema português, com o filme Verdes Anos de Paulo Rocha no centro.

João Pedro Rodrigues – Formado na Escola Superior de Teatro e Cinema. A sua primeira longa, O Fantasma, percorreu vários festivais, assim como os seguintes Odete e Morrer Como Um Homem. Venceu o prémio de Realização em Locarno com O Ornitólogo. Em 2016, o Centro Pompidou de Paris dedicou-lhe uma Retrospetiva Completa e Instalação, em conjunto com João Rui Guerra da Mata, com quem co-realizou Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois, que está no centro deste programa.

João Rui Guerra da Mata – Passou os seus anos formativos em Macau, na China. Estudou e trabalhou em Design Gráfico e Tipografia em Lisboa. Trabalha em cinema desde 1995 em direção artística, como ator, assistente de realização, argumentista e realizador. Em 2012 realizou a sua primeira curta-metragem a solo, O Que Arde Cura, premiada na competição do Festival Internacional de Cinema de Locarno. Co-realizou várias curtas e a longa A Última Vez Que Vi Macau (2012) com o seu companheiro e colaborador artístico habitual, João Pedro Rodrigues. Também trabalhou como argumentista em várias longas e curtas, que exemplificamos com O Ornitólogo (2016), realizada por Rodrigues.

Os Verdes Anos

de Paulo Rocha

Dia 17-10 18h30 (PA)
Presença de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata
(Portugal, ficção, 1963, 85 min) M/12

Júlio (Rui Gomes), um jovem provinciano de 19 anos, chega a Lisboa para tentar a sorte como ajudante de sapateiro. Um dia, conhece Ilda (Isabel Ruth), uma jovem e alegre empregada doméstica que, como ele, vive na esperança de um futuro melhor. A amizade entre ambos depressa se transforma num amor desmedido que, irremediavelmente, os conduzirá à tragédia. Com música original de Carlos Paredes e produção de António da Cunha Telles, Os Verdes Anos foi a estreia na realização de Paulo Rocha. Esta obra, datada de 1963, marcou o início do Cinema Novo português e veio a tornar-se uma referência cinematográfica para as novas gerações. Cópia digitalizada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.

Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois

de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

Dia 17-10 21h45 (PA)
Presença de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata
(Portugal, ficção, 2023, 85 min) M/12

Por baixo da casa onde João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues vivem, Paulo Rocha rodou, em 1963, algumas cenas de Os Verdes Anos, um dos clássicos incontornáveis do cinema português. Quase seis décadas depois e com esse ponto de partida, os dois realizadores pegam na sua câmara de filmar e seguem os mesmos percursos de Rocha no seu processo de filmagem, dando agora ênfase à cidade de Lisboa, hoje muito diferente de outrora. A rodagem de Onde Fica Esta Rua? Ou Sem Antes Nem Depois iniciou-se em 2019 e atravessou a pandemia de covid-19, tendo a sua apresentação acontecido em Locarno (Suíça) – no mesmo festival onde, na edição de 1964, Os Verdes Anos teve a sua estreia internacional e foi premiado com a Vela de Ouro de melhor primeira obra.

Dina e Django

de Solveig Norlund

Dia 18-10 18h30 (PA)
Presença de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata
(Portugal, ficção, 1981, 75 min) M/14

Dina tem 17 anos e vive de favor com a avó, empregada doméstica interna numa família da pequena burguesia lisboeta. Sonha ser “hospedeira da TAP” e as fotonovelas fazem-na acreditar que o amor é a sua única esperança. Django tem 23 anos e vive da pequena criminalidade. No calor da Revolução dos Cravos, juntos vão desafiar todas as normas. Partindo de factos verídicos, Solveig Nordlund e o Grupo Zero constroem uma narrativa povoada por discursos sociais e mediáticos — de “Johnny Guitar” à Conversa em Família de Marcelo Caetano — que agudizam uma iminente luta de classes. Cópia digitalizada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. Medida integrada no programa Next Generation EU.

As Ruínas no Interior

de José de Sá Caetano

Dia 19-10 18h15 (PA)
Presença de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata
(Portugal, ficção, 1976, 105 min) M/12

Em 1943, próximo duma aldeia de pescadores, uma família burguesa passa uma parte das férias da Páscoa numa velha casa de família. No primeiro andar da casa vive temporariamente uma senhora belga com dois filhos pequenos, refugiada da guerra que assola a Europa. A vida corre banal até que, da névoa de uma certa manhã, emergem da praia dois homens, um deles ferido. São um dos pilotos e o timoneiro de um avião de combate inglês que se despenhou no mar. Cópia digitalizada pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema no âmbito do projecto FILMar, integrado no Mecanismo Europeu de Financiamento EEA Grants 2020-2024.